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Grupo Trupicão estréia espetáculo inspirado na obra de Maria Luísa Ribeiro:




O PÁSSARO DO BICO DE FERRO
(Inspirado na obra homônima de Maria Luísa Ribeiro)

A construção dramática do espetáculo se dá a partir de três figuras arquetípicas: O Homem, A Mulher (Símbolos de um processo de restrição e degradação do humano.) e O Pássaro (Que representa uma espécie de hipervitalidade, um alargamento das possibilidades do humano.); figuras envolvidas com a difícil tarefa de acabar de existir, enclausuradas em um ambiente hostil, imóvel, uma espécie de simbiose mútua, acuados diante de uma escuridão que está sempre se aproximando.
Outro importante elemento do espetáculo é a imagem de vídeo inserida no espetáculo: Símbolo da redenção, da transfiguração, como se as personagens atravessassem para um outro mundo, uma outra realidade, além da realidade fictícia do palco e da realidade lírica da poesia.
A trilha sonora, procura recriar a atmosfera urbana e é constituída de diversos estilos e modas musicais, totalmente em desalinho um com o outro, cuja coerência está na diversidade de sons e ruídos que povoam o ambiente das grandes cidades.
A atuação dos atores em cena, não copia a realidade das aparências, mas sugere a deformação artística, a estilização, a tipificação ou até mesmo a caricatura, caracterizando o homem contemporâneo como um ser deslocado e descentralizado diante dos diversos conflitos de identidade cultural.
O figurino e maquiagem foram criados, afim de darem um efeito de hiperrealidade, de fantasmagoria, minha idéia é destacar atores e personagens de todo cenário, como se fossem uma pintura em alto relevo, por isto o excesso de cores e brilho.
Minha intenção é a decomposição das representações realistas do Homem, do Corpo, dos Objetos, do Espaço e inventar novos nexos entre as coisas. Não quero colocar em questão apenas o alcance e os limites da razão, da linguagem lógica e discursiva, mas quero problematizar e decompor a imagem formal do Homem e dar a ele a possibilidade de transfiguração nesse Pássaro do Bico de Ferro que procura a produção de novos sentidos e novas realidades. Desta forma, mais uma vez, estou insistindo na minha visão teatral, de que a representação teatral, deve abrir espaço para as metamorfoses do próprio texto, que poderá se desenvolver ao mesmo tempo em múltiplas direções. Penso que a representação cênica permite e deve possibilitar a criação de novos nexos, novas conexões, para produção de novos sentidos e novas realidades da palavra.


Sandro Freitas.





Fotos: Layza Vasconcelos

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